Inteligência Artificial aplicada à Educação

Uma aliada ou ameaça?

Em novembro de 2022, quando o ChatGPT foi divulgado pela sua desenvolvedora OpenAI, notícias sobre IA (Inteligência Artificial) têm presença certa, não somente em sites de Tecnologia, mas em praticamente todos os canais de comunicação e Redes Sociais. Desde então, as repercussões sobre esse tema são bem amplas:

“IA vai substituir a mão de obra na maior parte das empresas e em praticamente todos os segmentos…”

“IA pode se tornar mais inteligente que a raça humana e subjugá-la…”.

Há aqui quem pense que a IA é a materialização da SKYNET, da Série Exterminador do Futuro
(Terminator), Sucesso no Cinema nos anos 90.

É certo que, no estágio em que nos encontramos, não há fontes de informação públicas e seguras que tenham conseguido descrever com exatidão toda a potencialidade que a IA pode trazer à humanidade. Tampouco eu pretendo me atrever a definir um conceito geral para a IA, mas, por conta de ser um tema tão amplo e de grande interesse, é natural que haja muita especulação, teorias de conspiração, receios de toda ordem por parte de quem nunca interagiu com a IA em suas diversas frentes de uso!

Praticamente todos os dias a IA é reapresentada em um novo campo de aplicação. A indústria, naturalmente, é quem se apressa em utilizar a IA em áreas como a automação de processos e linha de produção. Entretanto, muito rapidamente, áreas da gestão do conhecimento, educação e muitas outras já ensaiam utilização da IA em seus nichos.

IA não é apenas mais um assistente virtual como a Alexa, Siri e o próprio Google Assistente para o qual fazemos perguntas e ele nos responde prontamente de forma textual ou por voz. Esses assistentes, hoje muito populares em nossos gadgets, nos trazem respostas e automatizam ações com base em conteúdo de sites, pesquisas disponíveis na internet, fontes nem sempre muito confiáveis.

A IA se projeta para algo mais amplo e complexo em suas pretensões. Embora ela tenha sido divulgada inicialmente pela mídia como um meio de resposta mais aprimorada a perguntas, sua construção é mais complexa: ela consegue reunir as diversas fontes de informação sobre o tema perguntado e construir uma resposta personalizada, cuidando muito bem da gramática, concatenando essas diversas fontes. A resposta é muito bem construída, o que nos leva muitas vezes a questionar se não teria sido um “humano” quem a redigiu.

Esse conceito é diferente dos robôs da IA, que nós, pessoas com formação em tecnologia, vimos em uma ou outra disciplina da Graduação. Naquele tempo, e ainda hoje, essa “IA Preditiva” era abastecida por reações previamente parametrizadas de forma a “prever” todas as possíveis reações desse Robô. Por meio de programação e um Banco de Dados, as ações previstas eram repetidas pelo Robô toda vez que o “gatilho” (pergunta, escolha ou comportamento) era acionado.

 

A inteligência artificial como parceira no aprendizado

O Formato da “nova IA” está baseado no que se chama de Inteligência Artificial Generativa. Essa tecnologia tem capacidade de construir e formatar uma resposta ou ação, mesmo quando lhe é feita uma mesma pergunta, em um contexto diferente. Ela consegue construir novos padrões de comportamento e reação com base no Aprendizado de Máquina (Machine Learning). Fantástico, não?

É importante esclarecer que as respostas da IA são probabilísticas e não uma verdade absoluta. O aprendizado delas vem de grandes bases de dados e por meio delas ela consegue adquirir um padrão para criar novas informações.

Embora essa plataforma não seja necessariamente nova, quando o ChatGPT recebeu os holofotes da mídia, a OpenAI pegou “quase que de surpresa” outras Gigantes da tecnologia: Google, Microsoft, Amazon, que naquele momento ainda não tinham disponibilizado suas versões públicas dessa ferramenta de IA.

Hoje, essas gigantes correm para publicar suas soluções, ainda que limitadas, para não perderem o time da inovação, ou mesmo se tornar a referência no assunto. Recentemente o Google disponibilizou a sua IA, batizada de BARD. Embora ainda não disponível por meio de um aplicativo, ela pode ser acessada por contas gratuitas do Gmail no navegador. Muito provavelmente, e em um curto período de tempo, essas gigantes superarão o ChatGPT em termos de abrangência e acesso. Há um interesse especial, como feito pela OPENAI, na disponibilização de versões pagas, pensando em sua comercialização e criação dessa solução para empresas.

Feito esse preâmbulo histórico técnico e comercial do assunto, vou dar um breve panorama das aplicações da IA, especificamente para aplicação no setor Educacional.

A porta de entrada da IA no ambiente educacional tem sido através dos Robôs de atendimento. Geralmente, essa solução integra-se com plataformas já existentes de comunicação, como WhatsApp, e, por ela, cria canais de atendimento, trazendo respostas às dúvidas mais comuns.

 

Como a IA está sendo usada na Educação?
A resposta veio pelo ChatGPT e o BARD para a pergunta que eu fiz a ela.
Vejamos o que nos traz a IA como resposta a essa questão:

1. Tutoria personalizada: Os sistemas de IA podem ser usados para fornecer tutoria personalizada aos alunos, personalizando a experiência de aprendizado de acordo com suas necessidades individuais. Eles podem oferecer feedback imediato, encontrar lacunas de conhecimento e ajudar os alunos a desenvolverem habilidades em um ritmo adaptado.

2. Plataformas de aprendizado adaptativo: As plataformas de aprendizado adaptativo usam a IA para identificar as áreas de dificuldade de um aluno e adaptar o conteúdo e os exercícios de acordo com essa necessidade. Isso permite que os alunos aprendam no seu próprio ritmo e recebam suporte personalizado para alcançar seus objetivos acadêmicos.

3. Sistemas de recomendação de conteúdo: A IA também é usada para recomendar conteúdo relevante para os alunos. Com base em seus interesses, nível de habilidade e histórico de aprendizado, os sistemas de IA podem sugerir recursos, como livros, vídeos ou cursos, que sejam mais adequados para eles.

4. Avaliação automatizada: A IA está sendo usada para automatizar a avaliação de tarefas, como redações ou exercícios de matemática. Os sistemas de IA podem analisar e pontuar automaticamente o trabalho dos alunos, fornecendo feedback valioso e economizando tempo para os professores.

5. Chatbots educacionais: Os chatbots são usados para responder a perguntas comuns dos alunos, fornecer suporte imediato e para ajudá-los a encontrar informações relevantes. Esses bots podem ser integrados em plataformas de aprendizado online ou websites de instituições de ensino.

6. Aprendizado adaptativo: A IA pode ser usada para criar programas de aprendizado adaptativo, que personalizam a experiência de aprendizado do aluno de acordo com seu nível de conhecimento, habilidades e preferências. Isso permite que os alunos avancem em seu próprio ritmo e foquem nos tópicos de que mais precisam.

7. Análise de dados e feedback: A IA pode ser usada para analisar grandes volumes de dados sobre o desempenho dos alunos, identificando padrões e tendências que podem ajudar os educadores a entender e apoiar melhor os alunos. Além disso, a IA pode fornecer feedback imediato aos alunos, ajudando-os a melhorar seu desempenho.

8. Criação de conteúdo educacional: A IA pode ser usada para criar e fornecer conteúdo educacional personalizado, como vídeos, textos e jogos interativos. Esses recursos podem ser adaptados às preferências e necessidades individuais dos alunos, tornando o aprendizado mais envolvente e eficaz.

9. Automação de tarefas administrativas: A IA pode ser usada para automatizar tarefas administrativas, como correção automática de provas e exames, gerenciamento de matrículas e elaboração de relatórios. Isso permite que os educadores dediquem mais tempo ao ensino efetivo e à interação com os alunos.

10. Gestão do comportamento: A IA pode ser usada para gerenciar o comportamento dos alunos, identificando e intervindo em comportamentos problemáticos. Isso pode criar um ambiente de aprendizagem mais positivo e produtivo para todos os alunos.

 

Quais os maiores mitos do uso da IA na Educação?
A resposta a essa questão também veio pelo ChatGPT e o BARD. Vejamos:

1. A IA substituirá os professores: Um dos maiores mitos é o de que a IA substituirá completamente os professores. Embora a IA possa ser útil como uma ferramenta complementar no ensino e aprendizado, ela não pode substituir a interação humana essencial na educação.

2. A IA será responsável por todo o processo de ensino: Embora a IA possa ser útil na automatização de algumas tarefas, como correção de exercícios ou fornecimento de feedback, é necessário o envolvimento dos professores para planejar e implementar estratégias educacionais eficazes.

3. A IA ensinará de forma personalizada para cada aluno: Embora a IA possa oferecer recursos personalizados, como adaptação de conteúdo e atividades de acordo com o nível de habilidade de cada aluno, é importante a orientação e intervenção dos professores para garantir uma educação personalizada.

4. A IA resolverá todos os problemas educacionais: A IA pode ser uma ferramenta poderosa para auxiliar no ensino e aprendizado, mas não é uma solução mágica para todos os problemas educacionais. É necessário considerar o contexto e as necessidades específicas de cada contexto educacional.

5. A IA pode substituir a experiência humana na educação: Embora a IA possa fornecer soluções rápidas e eficientes, é importante reconhecer o valor da interação humana na educação. A experiência e o conhecimento dos professores desempenham um papel crucial no processo educacional.

É importante ter em mente que a IA na educação deve ser vista como uma ferramenta complementar aos professores, capacitando-os e auxiliando-os em suas práticas de ensino, mas não substituindo sua importância e papel.

Percebam, portanto, a coerência e perfeição gramatical das respostas fornecidas pelas IA às perguntas que lhe foram direcionadas.

Diante dessa nova realidade, é notório que na educação o processo avaliativo e de aprendizado dos alunos terá que ser ressignificado. A avaliação não poderá mais ser apoiada apenas em pesquisas e dissertação que é o modelo adotado de longa data.

Conceitos de Plágio, Direitos autorais terão que ser repensados pois as ferramentas de IA não atuam somente em material textual, mas também em tratamento de imagens (DALL-E), sons fazendo, portanto, construções próprias de um novo conteúdo. Isso impacta diretamente o modelo avaliativo atual e a produção de conhecimento.

Algumas instituições inicialmente se posicionaram pelo bloqueio do uso da ferramenta no ambiente escolar, entretanto isso não é eficaz: desde muito tempo os alunos contam com acesso à internet por seus dispositivos particulares dentro das escolas, e praticamente irrestrito fora delas. Portanto, as restrições na infraestrutura da escola terão pouco impacto nesse acesso.

Sistemas de Ensino e ERP´s corporativos já têm no seu escopo de desenvolvimento o uso da IA para melhor análise de dados e tomada de decisão. SESI, SENAI que já fazem uso da realidade virtual e Aumentada, apontam para o uso massivo de Tecnologias Educacionais até 2030.

O cenário aponta para uma transformação que deve ser amplamente debatida e planejada. Papéis consolidados assumem uma perspectiva diferente: o professor deixa de ser a única fonte de conhecimento, assumindo um papel de facilitador, se apropriando dessa tecnologia como aliada.

Fontes:
www.noticias.portaldaindustria.com.br
www.bard.google.com
www.itforum.com.br
www.ifsc.edu.br


Por Kenner Rodney

Gestor de Tecnologia da Informação da Rede Filhas de Jesus
Bacharel em Sistemas de Informação.
Especialista em Gestão e Governança da Tecnologia da Informação.

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