Apertos de mãos, abraços, beijinhos e mãos dadas, foram substituídos por sorrisos, acenos de mãos, longas conversas e olhares afetuosos.
Com a pandemia do novo coronavírus, os hábitos de toda a população precisaram ser adaptados nesse período de disseminação do vírus.
A higienização precisou ser intensificada com a lavagem mais frequente das mãos com água e sabão, o uso do álcool gel aumentou, e o produto está cada dia mais escasso no mercado, diante da alta demanda. O contato pessoal precisou ser suspenso, temporariamente.
Com o crescente número de casos do coronavírus, órgãos públicos e entidades de classe decretaram a suspensão das aulas no ambiente físico, diversas empresas adotaram o sistema home office, restaurantes, shoppings, parques, clubes precisaram ser isolados e visitas às famílias adiadas, principalmente ao grupo de risco (idosos,diabéticos, hipertensos, pessoas com insuficiência renal crônica, doentes respiratórios e cardiovasculares).
As medidas do isolamento social podem até parecer simples, mas são de grande importância para a diminuição do contágio do COVID-19. Ao mesmo tempo, essa situação pode trazer impactos no equilíbrio emocional de todos nós, em especial para as crianças.
Como fazer com o medo do isolamento social?
Estamos vivendo um período de muitas informações e, ao mesmo tempo, de inseguranças e medos, diante de tantos acontecimentos relacionados ao coronavírus. É necessário ter bastante calma para conversar com as crianças sem causar pavor.
Ana Paula Panizza, psicóloga da Educação Infantil do IECJ Rede Filhas de Jesus/Bragança Paulista, explica que o medo é um sentimento natural que existe para garantir a sobrevivência da espécie. Por sua vez, a falta de medo expõe o ser humano a situações de risco, já o excesso, paralisa e bloqueia.
Mas afinal, como fazer para alcançar esse equilíbrio? “Na prática, é preciso aprender a reconhecer e dominar seus temores para não ser dominado por eles. Crianças têm uma percepção mais subjetiva, imaginativa dos acontecimentos e menor capacidade de discernimento dos fatos. A realidade subjetiva também é uma realidade. A resposta emocional ao medo do Bicho Papão é tão real e orgânica quanto ao medo da dor de uma injeção. Por isso, é importante identificar a origem ou mesmo a existência do medo”, contou Ana Paula.
Nesse momento, o papel dos pais é fundamental para estabelecer um diálogo lúdico com as crianças e observar as reações comportamentais, diante da mudança repentina da rotina de atividades e interações sociais.
Sintomas de medo excessivo
A psicóloga Ana Paula Panizza cita alguns sintomas de medo excessivo:
- Coração palpitante
- Calafrios
- Suor nos pés e nas mãos
- Sono intranquilo
- Descontrole para fazer xixi
- Diarreia e dor de barriga, entre outros.
O pediatra carioca, Júlio Dickestein, explica que o “medo costuma surgir diante de elementos reais na vida de uma criança: o médico, a creche ou a escola, a alimentação, a violência e a dor recorrente. Essas causas reais geram um medo verdadeiro, mas também podem derivar para estados secundários: medo de escuro, de monstros e por aí vai.”
Conversa de gente grande: confira 10 dicas para lidar com o medo infantil
A psicóloga Ana Paula Panizza deu 10 dicas para lidar com assuntos sérios, como a pandemia do coronavírus e o que fazer para driblar o medo infantil. Confira!
1 – Dê atenção, questione e estimule a criança a enfrentar o medo irreal (ou inimigo). Ela encontrará sozinha uma solução para suas fantasias. Um exemplo, é uma postagem super fofa que está rolando na internet, sobre uma conversa entre mãe e filho, de três anos:
“- Mamãe, aqui tem água e sabão? Será que com a bolinha de sabão a gente protege o mundo inteiro?”
2 – Não gaste tempo demais falando sobre o assunto para evitar que a criança fique ainda mais ansiosa. Mude de tópico, distraia.
3 – Fale a verdade sobre os medos reais (ou amigos) para que a criança construa noções de perigo. Exemplo: ela tem de saber que escadas, piscinas e animais presos representam riscos. Mas faça isso sem aterrorizar, ensinando como agir diante desses perigos.
4 – Brinque com sua criança e entre na fantasia dela. Experiências lúdicas ajudam os pequenos (e os grandes) a lidarem com seus anseios.
5 – Bonecos e brinquedos treinam a criança para a vida. Os pequenos costumam representar em brincadeiras o sentimento de medo frente a uma situação real, como a ida a um hospital.
6 – Avalie a intensidade do medo e fique atento para o limite da normalidade, que é a rotina saudável de vida.
7 – É importante não confundir o choro da criança que fica sem a mãe a semana inteira e não quer largar o colo no fim de semana, com o choro de medo de estranhos.
8 – Ofereça objetos para ela se sentir mais segura, principalmente na hora de dormir sozinha. São os chamados objetos transicionais, que reduzem a ansiedade da criança durante a passagem da vida desperta para o sono. Pode ser o famoso ursinho, o naná, a boneca e até a mantinha. O importante é que ele tenha algo familiar à mão para enfrentar os temores.
9 – Jamais use o medo da criança como meio de poder! Somos adultos, vivendo momentos de tensão e, se para nós é difícil distinguir entre o que é real e o que não é, imagine como o terror é real na formação de uma criança.
10- Viva esse momento raro de interação intensa com seus filhos enquanto são pequenos! Somos seus heróis! Vamos ensiná-los a fazer o bem, às vezes, realizando gestos concretos a quem precisa de carinho e cuidado, às vezes, combatendo o “vírus do mal” dentro de nossas Batcavernas!
Em tempos de coronavírus, precisamos ter tranquilidade, fé, solidariedade e muita esperança que logo logo tudo vai passar e os momentos de convívio social, voltarão ao normal. #tudovaificarbem
Por Simone Rezende
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