Aceitei o gentil convite da Pastoral da Rede Filhas de Jesus para rezar juntos a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Quero agradecer a todos que prepararam esses momentos, pois posso dizer que muito de minha alegria – já vivenciada anos a fio na Páscoa Juvenil, nas Páscoas na Obra S.J.O e naquelas com minha família- veio
à minha memória racional e sentimental, como um alerta para o presente e o futuro.
Senti verdadeira acolhida e me toquei profundamente com as reflexões tão bem situadas e contextualizadas. Tenho vivido em verdadeiro deserto nesses dias e muito da tristeza e desolação situa-se em não poder ir ver minha mãe e irmãos , devido a uma situação de correr aquele risco de me colocar em perigo colocando-os também. Parece-me grande provação. Que vontade abraçar irmãos, amigos, colegas e até pessoas difíceis que nunca abracei. Assim, em algumas lágrimas de deserto, tórrido de dia e gelado à noite, refiz-me em muitos aspectos da espiritualidade: tenho orado por todos, pensado em ações que não fiz por outrem, nãos que pratiquei por orgulho e digo a vocês com verdade: libertei-me de muitas algemas que têm me abraçado. Vejo-me, hoje, após a celebração do sábado santo, mais leve, lúcido e firme para começar de novo, ou seja, alegrar-me de novo como quando celebrara Páscoas libertadoras e propositivas – que vejo agora como fachos de luz que sai do túmulo. Tenho agora minha diretriz diária: encontrar luz. Deus nos dá sempre nova oportunidade, como Pai amoroso que chora ao receber seu filho pródigo. Sempre me senti pródigo, nas dúvidas e abandono do abraço paterno, mas sempre chorei por esse abraço e estou disposto a voltar a Ele. A Páscoa está acontecendo comigo como há tempos não se dá. É um mistério: sem participar dos ritos tão ricos e simbólicos, sem estar com outras pessoas fisicamente e mesmo assim, a passagem está em marcha dentro de mim.
Obrigado à Rede Filhas de Jesus com quem convivo há décadas. Obrigado a todos da Pastoral – Comunidade Ampliada – por me oferecerem luz que está me deixando mais leve e confiante.
Antônio de Pádua Antoniol