A educação deve produzir mais do que indivíduos que consigam ler, escrever e contar. Ela deve nutrir cidadãos globais, que consigam enfrentar os desafios do século XXI. (Ban Ki-Moon, World of Education Forum, Incheon, Unesco, 2015)
“Inteligência emocional, hábitos da mente, soft skills, competências para o século XXI… Todos esses são sinônimos para as competências socioemocionais, conhecidas como as “habilidades” ou características ligadas ao desenvolvimento do indivíduo no sentido de formação de um cidadão integral, preparado para agir de forma responsável e ativa, e assim alcançar o sucesso em todas as esferas de sua vida – pessoal e profissional.”
Muito se tem falado sobre competências socioemocionais, em especial após a consolidação dessas competências na Base Nacional Comum Curricular – BNCC, referendada nos currículos estaduais. Essas competências surgem como uma necessidade premente para a efetivação de uma formação integral da pessoa e como uma necessidade fundamental para a construção do Projeto de Vida, que não pode ser limitado aos aspectos profissionais que o estudante deseja desenhar para o seu futuro.
A BNCC coloca que competência é a mobilização de conhecimentos – traduzidos em conceitos e procedimentos, habilidades, estas descritas como práticas cognitivas e socioemocionais, atitudes e valores para desenvolver as demandas da vida, as complexidades da vida cotidiana, exercício pleno da cidadania e preparação para o mundo do trabalho.
Sabemos o quanto o mundo vem passando por mudanças rápidas e constantes, que estudadas em seus aspectos históricos, sincrônicos e diacrônicos, trazem realidades e conceitos novos para o nosso cotidiano, como por exemplo, a certeza de que vivemos em um mundo VUCA e BANI. Você vem acompanhando esses conceitos? Pois vamos entender brevemente cada um deles, lembrando que cada uma das siglas estão representadas pelo original em inglês:
– VUCA = volátil, incerto, complexo e ambíguo;
– BANI = frágil, ansioso, não linear, incompreensível.
Independente do tipo de espaço onde esses conceitos são mais empregados, seja em ambientes corporativos ou não, precisamos acompanhar e compreender o que eles nos apontam em termos de cenários futuros, pois a educação precisa estar sempre atenta e fazendo a leitura desses cenários. Por exemplo, o que percebemos de grande impacto dentro de nossas realidades escolares, no momento atual, tem a ver com o nível de fragilidade e ansiedade que impactam a comunidade educativa.
Diante dessas leituras, a escola precisa se comprometer cada vez mais com a formação de estudantes para lidarem com essa velocidade de mudança. E como podemos fazer isso? Investindo em nossas melhores energias em um processo educativo que leve nossas crianças, adolescentes e jovens a aprenderem a aprender, a ser, a conviver e a aprenderem a fazer. Precisamos insistir nesses pilares propostos pela UNESCO, pois eles sintetizam aquilo que é necessário para que os estudantes tenham sucesso em sua vida acadêmica e profissional, ou seja, sejam educados em âmbito integral: cabeça, coração e mãos (Pacto Educativo Global).
Saber lidar com as emoções, ou seja, desenvolver as competências socioemocionais e, acrescentamos aí um elemento que também nos diferencia de uma instituição escolar de outra natureza, educar na espiritualidade, dá-nos a certeza de que vimos desenvolvendo nosso trabalho em uma perspectiva que garante o fortalecimento de nossos educandos em todos os aspectos. Sabemos que neste tempo, após o auge da pandemia, necessitamos intensificar nossas ações pensando tanto nos estudantes, quanto nos educadores e vamos crescendo na proposição de ações que auxiliem a todos e todas.
Cabe salientar e recordar uma questão que também nos parece fundamental. Temos uma grande referência em Santa Cândida Maria de Jesus, que há mais de 150 anos já dizia que era necessário educar “La entera persona”. No documento “Nosso Modo Próprio de Educar”, onde a filosofia da Congregação, os desejos de Santa Cândida para a formação de crianças, adolescentes e jovens são expressos com uma leitura mais atual, temos que “o fim da Congregação é procurar ajudar à salvação e perfeição do próximo, educando-o cristãmente.” Ora, essas expressões de Santa Cândida já nos colocam que precisamos cuidar da pessoa de forma integral: conhecimento, atitudes, valores, espiritualidade, habilidades socioemocionais para que possam cada vez mais ter um coração semelhante ao coração de Jesus.
Quando retomamos essas leituras, diante daquilo que as legislações de hoje e grandes estudiosos nos apresentam como necessidades fundamentais para vencer as dificuldades e complexidades de nosso tempo, temos a certeza de que moderno, atual e inovador é educar com acolhimento, com alegria e com o olhar humano, para que o resultado seja comprovado não apenas nos resultados acadêmicos, mas principalmente pelas pessoas melhores que estamos preparando para este mundo.
Por Cássia Lara Neves de Araújo
Coordenadora Educacional Rede Filhas de Jesus. Pedagoga e Historiadora, especialista em diversas áreas de aprendizagem e desenvolvimento psicoeducacional, especialista em Gestão de Escolas e MBA em Liderança e Gestão Educacional.
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