O livro de Josué, por meio de contrastes entre os nômades que chegam e os que já habitam a terra, denuncia os esquemas políticos e religiosos idolátricos instalados em Canaã, com forte incidência de exploração sobre o povo. Mas reflete também sobre a confiança no Deus verdadeiro, que
refaz, com seu poder, a experiência da libertação do Egito (Js 3). Esse Deus prefere os pequenos e frágeis hebreus e se coloca ao seu lado na luta do dia a dia, fortalecendo-os contra o risco de serem capturados numa vida semelhante àquela vivida no Egito.
As celebrações, ao longo do livro, são como “momentos litúrgico-sinodais”, em que a identidade do povo é retomada diante do Deus libertador. Entre as celebrações mais notáveis está a assembleia de Siquém (Js 24). Foi um momento de refazer a opção pela fidelidade à Aliança com Deus. A
memória criativa do povo não se descolava dos eventos fundadores da fé: êxodo e Aliança. Os ritos celebrados reconduziam o povo misticamente ao próprio evento da Páscoa.
A comunidade cristã herdou de Israel o caráter memorial de suas ações litúrgicas. O rito memorial é fundamental para o próprio plano de salvação, pois constitui um acesso ao evento fundador. A liturgia habilita os fiéis a tomar parte nessa história, na qual o agir de Deus é reconhecido no hoje
da festa, pela força dos sinais.
O livro de Josué incita a buscar o eixo pascal da fé na experiência da comunidade que celebra a fidelidade de Deus presente no dia a dia e no chão do povo. Neste momento sinodal da Igreja, em que buscamos superar a pandemia que a tantos desacomoda, a saga de Josué pode iluminar as raízes profundas dos males eclesiais que, como ondas sucessivas, distanciam o povo de sua herança espiritual guardada pela são Tradição da Igreja.
Clique aqui e confira o texto preparatório na íntegra!
Gostou deste conteúdo?
Leia também: