Educar mente, coração e mãos
Buscamos trazer neste texto uma reflexão, não tão aprofundada, sobre o Pacto Educativo Global*, chamado da Igreja Católica que busca promover a cooperação e a solidariedade internacional pela educação. É um chamado para que sociedade, família e escolas, possam se unir e trabalhar juntos para garantir uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade para todos.
Na Encíclica Laudato Sí, o Papa Francisco já aponta sua preocupação com a educação e percebemos a íntima relação entre esses documentos: “A educação será ineficaz e seus esforços estéreis, se não difundir um novo modelo relativo ao ser humano, à vida, à sociedade e à natureza” (L.S. nº 215). Reforçamos que essa preocupação da Igreja Católica com a educação vem de longa data e ganha eco no cenário atual.
Mas afinal, o que se pretende? Por que assumir esse compromisso? Como isso nos implica? Muitas outras questões poderiam ser apresentadas, mas de forma simplificada o chamado é para que, JUNTOS, reconheçamos que a mudança de época que estamos atravessando requer um caminho educativo focado na educação, nas palavras do Papa Francisco, da mente, do coração e das mãos – conhecer, ser e fazer, educar na perspetiva do encontro, do diálogo, efetivar uma educação integral, com uma grande aliança. O termo aliança evoca o vínculo de amor estabelecido entre Deus e o seu povo. Amor que em Jesus derrubou o muro entre os povos, restabelecendo a paz (Ef.2, 14-15) e o nosso conceito de educação integral, você pode acompanhar também nesta edição da Revista Em Rede.
Neste convite para a construção “con-junta”, somos chamados a superar sete desafios e a assumir três coragens:
– Os desafios:
- Colocar a pessoa no centro de cada processo educativo
- Ouvir as gerações mais novas.
- Promover a mulher.
- Responsabilizar a família.
- Abrir-se à acolhida.
- Renovar a economia e a política.
- Cuidar da Casa Comum.
– As coragens: - a de colocar a pessoa no centro .
- a de cada um investir as melhores energias.
- a de formar pessoas disponíveis para se colocarem a serviço da comunidade.
Como dissemos acima, para que esses desafios sejam vencidos e com as coragens necessárias, três atores são considerados fundamentais para conquistarmos um mundo mais ético, justo, sustentável e solidário: Família, escola e sociedade.
A família, pais e cuidadores, são os primeiros modelos de comportamento de seus filhos, ou seja, a primeira educadora. São os primeiros modelos de comportamento ético e moral, portanto, exemplos para seus filhos. Apoiam, estimulam, corrigem e incentivam de forma que cresçam saudáveis e conscientes de seu papel na sociedade. Em seu decálogo educativo, Santa Cândida nos apontou que uma educação se faz com alegria, reta intenção e com o exemplo, que é o ensinamento mais eficaz.
A escola é o lugar de oferecer a inteira socialização para a ampliação do repertório cultural, do conhecimento, da convivência e do exercício do diálogo. É nela que os estudantes tomam conhecimento da tradição cultural humana, de forma crítica, significativa, para ampliar as relações, além do convívio familiar. É o lugar de partilhar as descobertas e desenvolver o protagonismo com alegria, experiências, encantamento, para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar com a sociedade (BNCC). Em todo planejamento deve haver intencionalidade pedagógica, para que a aprendizagem seja significativa e colaborativa. A escola vai muito além do espaço físico, onde o educar vai ser o facilitador do processo, auxiliando os educandos na decodificação do mundo.
A sociedade, em todas as suas formas de manifestação, sejam governamentais ou não, deverá participar dessa construção de forma íntegra, sem utilizar a educação para outra finalidade que não seja o próprio educando.
Assumindo essas três coragens, somando os esforços desses atores, formaremos a aldeia que educa. Conscientes de nossa origem comum, do nosso pertencimento e de um futuro a ser partilhado por todos. Por isso, necessitamos construí-lo desde já, do nosso espaço local para alcançar o global, com a consciência de que tudo está interligado.
“Juntos é a lavra que tudo salva e tudo realiza.” (Pacto Educativo Global)
* A Congregação das Filhas de Jesus, presente em 17 países, assumiu seu compromisso e adesão ao Pacto Educativo Global.
Por Cássia Lara Neves de Araújo
Gestora Educacional da Rede Filhas de Jesus. Pedagoga, Psicopedagoga, licenciada em História. MBA em Liderança e Gestão Educacional. Especialista em Gestão de Escolas, em Neuroeducação, em Teologia com ênfase no Ensino Religioso e em Metodologias Ativas e Prática Pedagógica.
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