A alfabetização é uma valiosa ferramenta para a formação integral e cidadã dos seres humanos.
No Brasil, histórica e culturalmente, a alfabetização é um dos momentos mais esperados e valorizados da educação escolar das crianças. Sua importância é inegável se entendida como um direito humano e social. Assim considerada, pode ajudar a garantir uma educação inclusiva e equitativa de qualidade, além de promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas as pessoas, como indica o quarto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) . Sendo assim, pode-se dizer que a alfabetização é uma valiosa ferramenta para a formação integral e cidadã dos seres humanos.
Compreendida aqui como um fenômeno complexo e de muitas facetas , a alfabetização é entendida em sua especificidade, como o processo de aquisição e apropriação do sistema da escrita, alfabético e ortográfico. Tal procedimento envolve um conjunto de habilidades (fonético-fonológicas, morfossintáticas, semânticas, discursivas) que englobam a codificação e a decodificação do código alfabético, mas vão muito além delas, transcendendo concepções unicamente tecnicistas do processo alfabetizador. Em conjunto com o domínio do código escrito, destaca-se a importância de que a alfabetização aconteça em um contexto de letramento, no qual as crianças são instigadas a desenvolver habilidades relacionadas às práticas sociais de uso da leitura e da escrita.
A partir do conceito de cultura do encontro de que fala o Papa Francisco, somos motivados a agir criativamente partindo das condições vividas para cuidar, acolher, promover, integrar, “construindo pontes de solidariedade e canais de esperança” . Alfabetizar também tem relação com isso. Precisamos encarar a alfabetização “como a relação entre os educandos e o mundo, mediada pela prática transformadora desse mundo, que tem lugar precisamente no ambiente em que se movem os educandos” . Dessa forma, o processo alfabetizador integrará um projeto de educação humanista que se propõe a “educar como ação esperançosa na capacidade de aprender do humano e de estabelecer relações mais fraternas em sociedade e com a natureza.”
Em um contexto alfabetizador pós-pandêmico os desafios são diversos. Estarmos atentos e sensíveis às necessidades dos educandos é indispensável. Enquanto educadores, somos convidados a manter nosso olhar zeloso para as necessidades das crianças, que não aprendem através de um único caminho ou método, mas de muitos. Cada contexto, cada grupo de crianças, cada educando exige ações pedagógicas diferenciadas. Tais ações, exigem metodologias diversificadas que ora envolvem ensino direto, explícito e sistemático, ora ensino incidental, indireto e atrelado a motivação e possibilidades dos alunos.
Continuemos a agir inspirados pelo provérbio de sabedoria africana que reitera que “para educar uma criança é necessária uma aldeia inteira”, mencionado pelo Papa Francisco ao propor a celebração do Pacto Educativo Global. Juntamente com alunos, famílias e sociedade, assumamos nossa responsabilidade enquanto educadores católicos e continuemos trabalhando e lutando pela alfabetização de qualidade, que é um direito das crianças e de todos os seres humanos. Enfim, lutemos por processos de leitura e escrita que impulsionem projetos de mundo de amizade, solidariedade, esperança… de vida em plenitude.
Por Cristiane Perol
Doutoranda em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas. Concluiu o Mestrado em Educação e a graduação em Pedagogia pela mesma instituição. Atualmente é vice-diretora e coordenadora pedagógica da Educação Infantil ao 2º ano do Ensino Fundamental do Instituto Educacional Imaculada Conceição de Mogi Mirim/SP.
LEIA TAMBÉM:
A INTERNET DO COMPORTAMENTO E A EDUCAÇÃO 5.0: UMA COMBINAÇÃO PARA ALÉM DO CONTEÚDO
QUANDO O ASSUNTO É ADOLESCÊNCIA
EDUCAÇÃO CATÓLICA: ACOLHIMENTO, OLHAR HUMANO, ALEGRIA!
OS 500 ANOS DA CONVERSÃO DE SANTO INÁCIO DE LOYOLA
INÍCIO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2023: FRATERNIDADE E FOME