A importância da educação na primeira infância

Um processo educativo que une as habilidades de desenvolvimento emocional, cognitivo, motor e social e um mundo de novidades a descobrir.

Dos primeiros passos à alfabetização. A educação na primeira infância traz novos desafios e revela um mundo de descobertas. Os primeiros anos de vida são a base para os aprendizados, para o estímulo das habilidades socioemocionais e respostas aos estímulos cognitivos.

Nos primeiros anos de vida da criança é a fase da descoberta do desenvolvimento humano. Desde bebê, construímos aprendizados com base em experiências que vivenciamos no início da vida e nos acompanham ao longo da trajetória humana.

Essas experiências acontecem em diversas situações e em diferentes contextos. Afinal, tudo sempre é uma novidade. Nesta fase, é muito comum as famílias relatarem: “é a primeira vez que isso aconteceu”.

Experiências como: “o primeiro choro”, “a primeira queda”, “a primeira dor de barriga”, “a primeira conversa séria”, “a primeira fala”, “o primeiro passo”, “o primeiro dia de aula”, “o primeiro amiguinho ou amiguinha”, tantos momentos que serão vividos e que gera um misto de emoções tanto para as famílias, quanto para as crianças.

Por isso, o período da primeira infância é tão importante para o estímulo aos aprendizados e a interação com o mundo que o cerca.

Aprendizagem na primeira infância

Os primeiros passos para o desenvolvimento humano

Antes de entendermos a importância da introdução da educação desde a primeira infância, pode surgir a seguinte dúvida: quando se inicia de fato a vida humana? De acordo com a psicóloga Ana Paula Gatti Panizza, do IECJ-Rede Filhas de Jesus/Bragança Paulista, a vida humana se inicia no momento da “concepção , pois ao zero dia de vida, a célula-ovo constrói a placa neural, uma camada externa à célula que protege o meio interno e que formará o sistema nervoso central, ou seja, nas primeiras 24 horas de vida, o ser, que já é humano, percebe as reações do meio e começa a memorizar toda a sua evolução.”

No processo do desenvolvimento humano todas as vivências afetam nesse período, como o ambiente em que estamos inseridos, a convivência com os diferentes tipos de pessoas, a cultura, as situações inesperadas e muitas vezes inevitáveis. “Cada período da vida é influenciado pelo que ocorreu anteriormente e irá afetar o que virá depois. Este conceito é conhecido como desenvolvimento do ciclo da vida, tarefa científica da psicologia do desenvolvimento do ciclo da vida humana”, definiu Ana Paula Panizza.

O processo de adaptação

A primeira infância abrange as crianças de 0 a 6 anos. É importante saber que cada criança terá o seu tempo de desenvolvimento durante essa fase, levando em consideração os fatores do ambiente que fazem parte da sua rotina e, consequentemente, a sua capacidade de adaptação.

A inserção de um novo ambiente na rotina da criança, pode ser um momento desafiador para as famílias. Surpresa para a maioria dos pais, que imaginam que o momento de adaptação é um momento difícil para as crianças.

Para a Tatiane Schettino, mãe de Sofia Schettino, aluna do Colégio Imaculada Conceição-Rede Filhas de Jesus/Leopoldina, esse sentimento não foi diferente. “Sofia ingressou na vida escolar com apenas 1ano e 10 meses. Confesso que a tão temida primeira semana de aula não foi difícil para ela, mas foi muito difícil para mim. Como acreditar que, após o terceiro dia de adaptação, já dá tchauzinho e corre para os braços da professora? O sentimento é de um profundo vazio. Mas, com o tempo, a gente vai acostumando com a nova realidade.”

Esse turbilhão de sentimentos acontece pelo zelo, cuidado e a proximidade que essa fase desperta nos pais e familiares próximos. Até então, esse era o único vínculo.

Tatiane se lembra do primeiro dia de aula de sua filha Sofia no Colégio Imaculada Conceição-Rede Filhas de Jesus/Leopoldina com muito carinho: “O acolhimento, a sensação de ser única no meio de um todo, o espaço físico, as tarefas lúdicas no meio da natureza, a fazendinha e sua horta, o reconhecimento por todos pelo nome, entre muitas outras coisas, fizeram a diferença.”

Compreendeu também a importância da aprendizagem de valores que sustentam os alicerces de uma primeira infância saudável como a compaixão, o amor ao próximo, a resiliência, a empatia, a autonomia e a responsabilidade.

Além do processo de adaptação que é muito importante nesse momento, a capacidade de desenvolver a linguagem para se comunicar com o ambiente também é ponto de extrema atenção. “O conceito entre a sobrevivência e a evolução humana reside em sua capacidade de se adaptar e de se comunicar com o ambiente”, lembrou a psicóloga Ana Paula Panizza.

As descobertas na primeira infância

A fase do aprender dá asas a diversas descobertas. É o momento de explorar e interagir com esse novo ambiente. Assim é possível que, através da ludicidade e do contato exploratório, seja possível desenvolver as percepções necessárias para que a criança dê sentido a cada palavra que é associada aos dados sensoriais imediatos.

Para a diretora do Stella Maris-Rede Filhas de Jesus/Rio de Janeiro e com atuação na área da Educação Infantil há mais de 22 anos, Edna Borges, “a sala de aula, assim como os outros espaços oferecidos pela escola possibilitam experiências e descobertas que vão muito além do cuidar”.

Segundo ela, “os educadores de educação infantil irão promover atividades que colaboram de forma significativa nas habilidades cognitivas, sociais, motoras e emocionais das crianças de modo que, ao final da primeira infância, possam interagir positivamente com suas famílias, educadores e colegas, ampliando cada vez mais seus espaços de comunicação.”

É importante lembrar que, o processo exploratório do ambiente, das pessoas, do contato com objetos, com o brincar e com as atividades propostas pela escola, ajudará no processo de desenvolvimento da linguagem, inicialmente não falada.

As múltiplas linguagens, se dão pelo mundo privilegiado de interações que a educação proporciona como o contato social, as experiências que promovem a escuta atenta a histórias, a inclusão na participação em conversas seja em contatos individuais com os educadores e nas trocas em grupos, que também são enriquecedores.

O contato precoce com as letras facilita o desenvolvimento pelo gosto da escrita e da leitura, mesmo que inconsciente. “A leitura diária de histórias pela professora e o contato sistemático com material impresso, fazem uma diferença significativa no desenvolvimento da competência leitora e escritora das crianças”, reforça a psicóloga Ana Paula Panizza.

O convívio e a socialização

As interações sociais têm um papel fundamental durante a socialização na primeira infância. É através do contato com crianças da mesma faixa etária, vivendo experiências em um ambiente lúdico e com atividades pedagógicas preparadas com muito cuidado e atenção, que as aprendizagens auxiliarão para o amadurecimento físico, cognitivo e emocional.

Ana Paula Panizza alerta que, “a criança vai desenvolvendo uma independência crescente das pessoas a que possui apego. O comportamento modifica sua linguagem corporal e sua fala: antes dizia “pega”, “faz”; depois transforma essas falas em: “eu pego”, “eu faço”. Ela se esforça ao máximo para realizar as tarefas que define importantes sozinha, e expressa felicidade quando bem sucedida.”

As crianças têm a necessidade de testar suas capacidades e manifestar uma sensação de poder e independência, diante dos desafios. Ana Paula Panizza, explica que esse marco acontece aos três anos de idade e, a partir disso, a criança está pronta a buscar o autocontrole ou a autorregulação.

Durante o processo em que as crianças interagem com os adultos, também é aprendido a lidar com as frustrações, a resolver os conflitos, a regular as emoções e a expressar os sentimentos. Vivências essas imprescindíveis “para o desenvolvimento afetivo e social”, como explicou a educadora Edna Borges.

A responsabilidade e a organização

A autorregulação ou o autocontrole, acontece quando a criança consegue controlar seu comportamento para conciliar às demandas dos pais, dos educadores. A partir disso, as crianças estão aptas a desenvolverem hábitos e valores que ajudam a se tornarem responsáveis e produtivas.

No universo da educação, a organização e a responsabilidade são importantes para a fluidez e agilidade das atividades propostas. Entendendo os deveres de cada um, compreendendo a importância de respeitar as regras estabelecidas, dos horários a se cumprir, das atividades a se realizar, da divisão de tarefas, do cuidado com os materiais pessoais e coletivos.

“Esses aprendizados colaboram na construção do sujeito, na forma de agir, de pensar além dos muros da escola, porque ensina a importância de respeitar regras básicas do convívio social”, ressalta Edna Borges.

A educação na primeira infância vai muito além do saber dos números e da letras. A aprendizagem ultrapassa os conteúdos das atividades impressas e dos livros pedagógicos. O convívio social, o respeito pelo próximo, a capacidade de ouvir, o ato de se comunicar bem e o desenvolvimento das habilidades socioemocionais, são de grande importância para a formação de pessoas mais humanas e solidárias.

Por Simone Rezende

 

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